Amizade?

Meu primeiro conto postado,se gostarem posto a continuação...finalmente criei coragem né? 
Ouçam ''Apenas mais uma de amor'' do Lulu Santos se possivel,ao ler o texto...eu escrevi ouvindo isso.

      Eu não estava mais conseguindo encarar aqueles olhos que me liam tão bem,faziam com que me sentisse mais transparente que nunca.Um formigamento surgia em meus pés,enquanto minha boca não queria mais falar,queria algo a mais,um algo que ele não estava sendo capaz de perceber,principalmente quando ele enterrou seus dedos bobamente pelos cabelos meus,dizendo que os cachos eram divertidos,percebi no ato que era algo fraterno,do tipo ''cuido de você''.
    Tentei fugir dele,e não encará-lo,estava inquieta,balançando-me nos pés,e olhando os espirais metálicos no meu all star velho e sujo,ao mesmo tempo enrolava o cabelo no dedo.Ele estava (mais uma vez) falando sozinho.
-Está bem Liv?
      Eu tive então que parar de prender meu dedo num cacho e olhar aqueles olhos que irritavam,encantavam,e me faziam perder todo o sono e rumo.
     Olhos que para qualquer pessoa seriam normais,mas eu o conhecia bem, e a tempo suficiente para entender o mistério por trás das lentes dos óculos dele,óculos que eu tanto amava pegar e colocar.
-Eu?Estou..eu só estou..bem,não sei como estou...
Olhei o mar.
-Ein,tenho que ir certo?
    Ele me olhou com uma cara de quem não entendeu,ergueu uma sombrancelha,e encarou o horizonte,parecia por um momento em um devaneio próprio assim como eu.
    Estávamos numa praia vazia perto de casa,um lugar que era nosso refúgio da cidade pequena e tediosa,estava nublado e ondas alcançavam grandes alturas.
-Liv...você não sabe,nem tem idéia do que faz comigo quando surta assim!Eu nunca te entendo,estamos bem,e você muda do nada,fica fria,quer ir embora..você não curte mais ficar comigo,não gosta da minha amizade e companhia?
-Não é isso..céus,claro que não!
-Então por que insiste em sempre destruir tudo quando estamos tão bem?
    Aquelas palavras me feriram..ele nem tinha idéia do quanto vinha sendo dificil ficar perto dele ,sem ter desejos obscuros,como quando ele pôs a mão nos meus cachos...menino tolo!
    Ele saiu,e seguiu em frente,me deixando estática,assim como eu planejava fazer com ele,e como sempre fazia.E o formigamento nos pés voltou,e não me deixava ir em frente atrás dele.Eu não podia arriscar contar,mas não podia perder a única parte que eu tinha dele.